domingo, 31 de março de 2013

Televisão e o Desenvolvimento Cognitivo

Fonte: Google

"A Televisão me deixou burro, muito burro demais. Agora todas coisas que eu penso me parecem iguais"

É com essa frase de uma das músicas da banda Titãs que resolvi começar o post de hoje. Sei que para muita gente vai parecer extranho, dificil até de imaginar, mas, há exatamente 6 anos, por uma resolução mútua a televisão parou de fazer parte do nosso dia a dia.

Entre os pros e os contras, tomar a decisão de abdicar do aparato não foi difícil. Logo que chegamos aos EUA, trabalhavamos e estudavamos muito, tinhamos pouquíssimo tempo para assistir a qualquer programação. Os canais abertos eram praticamente uma tortura, dificilmente se encontrava algo descente e inteligente que valesse gastar o nosso precioso tempo livre. Por essas e por outras a decisão foi tomada, doamos nossa TV e com isso tivemos tempo suficiente para entretenimentos mais interessantes: museus, bibliotecas, cinemas, restaurantes, parques, livros e é lógico, mais tempo para namorar. Como já se sabe, a televisão nunca foi o melhor veículo de informação. Para isso temos os jornais, as revistas, o rádio e a internet - melhor invenção dos novos tempos. Acompanhamos nossos seriados preferidos através do Hulu ou do Netflix (sites de seriados e filmes online, pagos mensalmente) que ficam disponíveis sem horários restritos de programaçao e sem comerciais indesejados.

Infelizmente, a televisão está incrustada em nossa cultura. Temos como exemplo nossas famílias. São casas comuns, iguais a tantas outras, que utilizam a televisão como forma de recreação. Na maioria das vezes essas casas mantêm uma televisão em cada cômodo. Facilmente encontramos todas as TVs ligadas ao mesmo instante e as vezes com a mesma programação, distanciando e diminuindo a interação entre as pessoas da mesma família. É o famoso "cada um no seu espaço". O barulho é desagradável e só se percebe isso quando já se desabituou a ele. É muito comum também ver as pessoas se "degladiando" com as TVs. Quanto mais alto é o som do aparelho, mais alto elas se veem obrigadas a falar.

Hoje temos uma outra visão na qual diz que, televisão ligada com pessoas presentes é: sessão de cinema em casa ou falta de educação. Digo isso por uma experiência desagradável que passamos. Uma vez fomos visitar um casal de amigos e vale a ressalva que já estavamos totalmente "desintoxicados" da televisão e, durante a visita a TV permaneceu ligada aonde o casal se desdobrava em nos fazer as honras da casa e assistir a novela. Sinceramente, saimos de lá e nunca mais voltamos.

Quando engravidei essa foi nossa primeira dúvida. Crescemos em um ambiente em que passar horas na frente da televisão é completamente normal quando se é criança. Até hoje se escuta que TV faz parte do mundo infantil. Não concordamos com essa frase pois interessante mesmo é criança correndo atrás de bola e brincando de boneca e não sabendo decoradas as falas dos personagens dos desenhos animados. Foi então que decidimos realizar uma pesquisa. Precisavamos de embasamento para as nossas idéias. Felizmente, não precisamos ir muito longe, todos os sites que falam sobre desenvolvimento infantil são categóricos: televisão e criança, antes dos dois anos de idade, não combinam.
 
Fonte: Google
De acordo com um estudo publicado pela American Academy of Pediatrics.

- Não é aconselhavel a exposição de criança antes dos dois anos a televisão.

- Após os dois anos de idade a mídia eletrônica deve vir acompanhada de um gerenciamento por parte dos pais, com horários e programação restritas.

- A criança não deve ter aparelhos de tv no próprio quarto.

- Os pais precisam perceber que a programação com conteúdo adulto (noticiários/novelas/filmes) pode ter um efeito negativo sobre seus filhos. Televisão que se destina a adultos não deve ser exposto a criança.

- Uma brincadeira não estruturada é mais valiosa para o desenvolvimento cerebral do que qualquer exposição à mídia eletrônica. Se um pai não é capaz de jogar ativamente com uma criança que então essa brinque no chão sozinha. Mesmo tendo apenas alguns meses de idade, o jogo no chão permite que a criança pense e use a criatividade para resolver problemas e realizar tarefas.

Desde 1999, três estudos avaliaram os efeitos do uso frequente da televisão no desenvolvimento da linguagem em crianças de 8 a 16 meses de idade. No curto prazo, as crianças menores de 2 anos que assistem mais televisão ou vídeos têm atrasos de linguagem expressiva, e crianças menores de 1 ano com visualização de televisão frequente ​​que assistem sozinhos tem uma chance significativamente maior de ter um atraso na linguagem. Embora os efeitos a longo prazo sobre as competências linguísticas permanecem desconhecidos, a evidência de efeitos de curto prazo é preocupante.

Dois estudos examinaram o uso de mídia infantil e os problemas de atenção na escola subsequentes a idade escolar. Um desses estudos descobriram que os efeitos da televisão sobre as crianças variou de acordo com o conteúdo da programação.
 
Depois de muita pesquisa, com resultados não só no campo cognitivo mais também fisico, pois algumas literaturas apontam a televisão como uma das causadoras da obesidade infantil, decidimos que continuariamos sem o aparelho. A não exposição do nosso filho a televisão acarretou-se em um desenvolvimento visível. Ele tem uma evolução cognitiva e um poder de atenção em determinadas brincadeiras que são acima do esperado, comprovados por especialistas. Associo essa inteligência ao fato de estar constantemente em contato conosco, em conversas, em brincadeiras, em projetos e em passeios.
 
Abdicar totalmente da televisão pode parecer radical. Então, reflita sobre as consequências de tal tempo perdido dentro da sua família. Quais os efeitos que isso traz na vida do seu filho e desligue o aparelho por algumas horas. Exercite o seu tempo com coisas que lhe pareçam úteis. Monte um quebra-cabeça, crie projetos, jogue jogos que estimulem o conhecimento, recorte e cole revista, jogue conversa fora, faça uma sobremesa, ou simplesmente, leia um livro. Existe muita coisa interessante que se pode fazer. Conforme a criança vai crescendo, um leque de possibilidade se abre. O mundo é muito interessante para perdermos tempo na frente da televisão. Sem dizer que, o cérebro do seu filho vai lhe agradecer  no futuro!

Beijos e até o próximo post!
 
 
Fonte de Pesquisa: American Academy of Pediatrics