segunda-feira, 29 de abril de 2013

Semana Sem Telas



Entre as minhas andanças pelo mundo virtual, encontrei uma proposta muito legal vinda de uma fan page americana chamada "Living Montessori now". A proposta é desligar a televisão por uma semana. Por uma feliz coincidência a fanpage "Projeto Criança e Consumo" aderiu a essa idéia já há alguns anos. Consiste em se desligar do mundo irreal e virtual na presença das crianças. Abdicar da televisão, dos computadores, dos iphones e ipads, tudo em prol da saúde dos pequenos. Utilizar esse tempo gasto na frente desses eletrônicos se dedicando exclusivamente a brincar e explorar junto com os filhos.

Eu já falei aqui sobre os malefícios da televisão para a turminha da pouca idade. Pesquisas dizem que as crianças hoje passam aproximadamente 5 horas todos os dias na frente de um televisor. É um tempo gasto improdutivamente e, quando se pensa em mentes que absorvem tudo que veem, esses dados se tornam preocupantes. Principalmente porque, muitas vezes, essas crianças estão na frente da televisão sem a supervisão de um adulto a mercê de qualquer programação e comerciais abusivos.

Para as crianças o mundo real é muito mais divertido do que nós pensamos. Vamos deixa-los livres para brincar, se sujar, explorar e para conhecer tudo o que nós já tivemos a oportunidade de conhecer. Vamos brincar juntos e nos permitir ser criança com nossos filhos.

Por isso, vou postar algumas idéias que talvez inspire você,  meu amigo leitor, a colocar essa semana "unplug" na sua vida.


Descobrindo o mundo dos adultos.

Andar de bicicleta é sempre muito divertido além de ser um ótimo exercício.

 
Uma caixa plástica com água e vários animais marinhos fazem
a diversão além de ser um ótimo jeito de aprender.
 
Uma caixa de areia também é diversão garantida.



Brincadeiras simples mas com a participação ativa dos pais se tornam grandes recordações.
 
Brincadeiras ao ar livre são ótimos para exercitar o físico e
voltar a ser criança com os filhos





 
Explorar o jardim e fazer uma colagem com as folhas secas.



Fazer um bolo juntos! Deixe a criança participar ativamente do
preparo do bolo. Será uma ótima recordação.



Curtir uma praia no final da tarde!

 
Limpar o aquário ou o local do animal de estimação.
Noçoes de responsabilidade.
 


Aprendendo noções de cheio/vazio. Maior/menor 


Brincando de Picasso!


Desenhando o próprio reflexo.


Pintando o asfalto com giz.


Fazendo Jardinagem


Bagunça com amigos


Reciclando material.


Lendo livro!





 


Um beijo e uma ótima Semana Sem Telas para todos!

segunda-feira, 22 de abril de 2013

Circuncisão


Foi por volta do quinto mês que eu descobri que estava grávida de um menino. Devido a uma gravidez de alto risco nos primeiros meses, fui obrigada a fazer ultrasons periódicos e foi em um desses que soube, sem querer, da vinda do meu garotinho. Inesperada e surpresa fiquei pois a técnica de ultrasom, presumindo que eu já soubesse do sexo do bebê, me disse: “Your little BOY is getting bigger and health”. Durante todo esse tempo me mantive indecisa. Saber ou não o sexo do bebê? Não que eu não quisesse saber, mas simplesmente porque os problemas enfrentados me impediram de fazer planos comuns como o de me importar com o sexo da criança. Na minha concepção era como contar com o ovo antes da galinha.

A partir daquele momento a felicidade tomou conta de mim. Saber que ele já estava grande, saudável e fora de “perigo” foi um alívio. Comecei a curtir a minha gravidez sem estress e sem preocupações desnecessárias.

Nesse dia eu mergulhei no desconhecido universo masculino. Mesmo sabendo que bebês são todos "iguais" e que, por um bom tempo, seguem o mesmo padrão de necessidades fisiológicas, ainda sim senti que era importante descobrir mais sobre esse mundo paralelo ao meu e que crescia dentro de mim.

E foi no pênis a minha maior preocupação e minhas mais infinitas perguntas. Como eu devo cuidar? Como eu devo limpar? Com qual idade começam os exercícios ? Esses exercícios devem ser feitos por mim ou pela criança ? Resumindo: meu marido quase enlouqueceu tentando responder as infinitas perguntas mas, mesmo tentando sanar todas as minhas dúvidas, ainda sim restaram algumas que ele não soube responder.

Sempre fui uma pessoa muito curiosa e pesquiso a fundo tudo o que tenho dúvida. Gosto de ler e de me informar principalmente sobre os dois lados da "moeda" para então tomar a minha decisão.
Dentro desse mundo masculino, uma das minhas maiores duvidas era sobre circuncisão.



Antes e depois da circuncisao
 











Porque alguns pais optam por fazer-la e outros não? O que isso acarreta para vida da criança e do homem psicologicamente e fisicamente? Porque os Estados Unidos são dos países que mais realizam essa cirurgia eletiva?

Vou ser sincera, nunca me passou pela cabeça submeter meu filho a tal cirurgia. O meu maior medo era o de não estar munida de informações necessárias a ponto de ser coagida por um médico a fazer a cirurgia. Minhas pesquisas começaram antes do meu filho nascer e tomaram proporções maiores com o passar do tempo. Hoje posso me considerar uma "intactivist".
 

Porque pais optam por realizar essa cirurgia nos seus filhos?

Existem várias respostas e nenhuma delas é por falta de amor ao próprio filho. Nós, mães e pais, amamos os nossos filhos e tudo que fazemos é sempre pensando no melhor para eles. Infelizmente, as vezes, por opções culturais, religiosas ou como eu já disse acima por coação, acabamos decidindo pela cirurgia. Muitas vezes, deixando de lado o bom senso ou a famosa intuição materna.

Nos EUA, em 2012, a média de meninos circuncidados, logo após o nascimento, foi de aproximadamente 65 % ano . Essa prática veio perdendo as forças, pesquisas comprovam que em 1981 chegaram a 81% ano, de meninos circuncidados.

A circuncisão é realizada nas primeiras 24 horas de vida do bebê saudável. Antigamente essa prática era tida como algo religioso, entre os Judeus e Mulçumanos. Hoje esse procedimento desnecessário, prejudicial e doloroso foi banalizado. Na grande maioria, a circuncisão é realizada apenas com o intuito de manter a higiene íntima. Os pais acreditam que a retirada do prepúcio ajudará a criança a manter a própria higiene e diminuir os problemas futuros como a fimose e a parafimose.

Como é realizado o procedimento?

O procedimento é feito em uma pequena sala cirúrgica. Apenas 45 % dos casos são utilizados anestésico local ( Lidocaína 1% ). Algumas pesquisas apontam o anestésico como causador de isquemia ou necrose de glande entre outros problemas. Uma pesquisa publicada pela American Academy of Pediatric sobre a não utilização de anestésico diz o seguinte: "quando perguntado aos médicos qual a razão de não se utilizar um anestésico local, a resposta foi: "Os bebes são muito pequenos e não se lembrarão do procedimento no futuro".
 

Esse pequeno grupo de médicos que utilizam de anestésicos o fazem da seguinte forma:

- Bloqueio dos vasos: Uma pequena porção de lidocaína 1% é injetada na base do pênis. Esse anestésico dura de 1 a 2 horas;

- Creme: Anestésico tópico é usado na mucosa e tem um efeito de aproximadamente 30 minutos;

- Açúcar: Um preparado de água destilada com açúcar. Molha-se uma chupeta nessa água e oferece ao bebê enquanto são feitos os procedimentos;

- Acetaminophen ou Paracetamol: Uma pequena parte dessa medicação pode ser dada ao bebê para poder aliviar a dor enquanto é feito o procedimento.

Infelizmente, mesmo com todos esses mecanismos utilizados com o intuito de amenizar a dor da criança, não há estudos que comprovem suas eficácias. Todas as literaturas a respeito descrevem o choro constante durante o ato cirúrgico o que indica sofrimento neonatal e que persistem através de um visível desconforto durante todo o período de cicatrização ( 7 a 10 dias).

 O que a circuncisão causa no psicológico da criança?

O psicólogo e autor do livro "The Hidden Trauma" Ronald Goldman diz o seguinte: "Tenho estudado os efeitos psicológicos da circuncisão. Estes efeitos são geralmente não reconhecido por médicos mas eles são uma parte necessária para avaliar a conveniência da prática. Existem efeitos psicológicos conhecidos e desconhecidos dentro do desenvolvimento neurológico infantil. Pesquisas sobre bebês circuncidados chegam à conclusão de que a circuncisão é traumática. Que resulta em extrema dor e aumentos significativos na freqüência cardíaca e nível de hormônio do estresse, no sangue. Alguns bebês não choram, porque entram em choque com a experiência avassaladora. Anestésicos, se forem utilizados, não eliminam a dor ou o trauma. Mudanças de comportamento a longo prazo e interrupções no vínculo mãe-filho, devido à circuncisão têm sido observados. Uma ressonância magnética mostrou alterações permanentes em cérebro de bebês circuncidados”.

Na fase adulta, em uma pesquisa realizada com 546 homens circuncidados relatou os seguintes efeitos e sentimentos:

- raiva, sentimento de perda, vergonha, sensação de ter sido vítima e mutilados
- baixa auto-estima, medo, desconfiança e tristeza
Muitos deles relatam ter querido ter a chance de escolha."
 

Um recente estudo da British Journal of Urology em 2013, analizou 1059 homens circuncidados e todos relataram diminuição do prazer sexual e menos intensidade de orgasmo. Eles também afirmaram que foi necessário mais esforço para atingir o orgasmo, e uma porcentagem maior deles experimentaram sensações inusitadas (queimação, formigamento, coceira, dormência da glande do pênis).

Este estudo confirma a importância do prepúcio para a sensibilidade do pênis, satisfação sexual e funcionamento do pênis. Além disso, mostra que um percentual maior de homens circuncidados experimentam sensações de desconforto ou dor incomum em comparação com a população não-circuncidados. Antes de circuncisão sem indicação médica, os homens adultos, e os pais, devem considerar a circuncisão dos seus fihos, devem ser informados da importância do prepúcio na sexualidade masculina.

 Complicações Cirúrgicas

- Hemorragia
- Infecção
- Aderências Penianas
- Remoção inadequada de prepúcio
- Fimose secundária
- Edema linfático
- Necrose da glande
- Fístula uretral
- Curvatura peniana
- Estenose do meato
- Complicações anestésicas.
 
 
No Brasil, a circuncisão ou postectomia é mais comum do que se imagina. Normalmente realizada na primeira infância, logo após a tentativa de "rompimento" da fimose fisiológica que acontece por volta dos 3 ou 4 anos de idade. Isso ocorre, muitas vezes, por orientação de alguns profissionais da saúde. A orientação errada de que há necessidade de tracionar a pele do prepúcio, com o intuito de exercitar, causa dor, pode machucar e como consequência do ato uma cicatrização local. Essa cicatrização, chamada de fimose secundária, causa uma diminuição ainda maior do orifício, dificultando a exposição da glande. Forçando a uma cirurgia que, poderia ter sido evitada se não houvesse tido a interferência de outros além da própria criança.

Estudos científicos comprovam que 90% dos recém-nascidos apresentam uma fimose fisiológica ou impossibilidade de retrair completamente o prepúcio. Esse mesmo estudo comprovou que 30% dessas crianças ainda tinham a impossibilidade de retrair o prepúcio entre os 6 e 7 anos e que apenas 1% dessas crianças chegaram a puberdade com fimose.

Isso significa que é completamente normal chegar a primeira infância ainda com a fimose. Esse mesmo estudo explica a importância de se esperar pelo desenvolvimento do pênis e que o acúmulo de secreção epiteliais, as ereções intermitentes e a masturbação na puberdade, propiciam a separação natural entre o prepúcio e a glande.

Tratamento alternativos:

Alguns estudos comprovam que o uso de cremes tópicos como os corticóides (dexametasona) em idade superior a 4-5 anos surtiram bons efeitos. É um tratamento alternativo e que não mostrou efeitos colaterais. É visto como um tratamento seguro e econômico.

 Beijos e ate o próximo post

 

 

sábado, 13 de abril de 2013

Criação com Apego


No post de hoje vou falar sobre um assunto muito discutido aqui no hemisfério norte: Attachment Parenting (Criação com Apego, em português). Vou explicar um pouco sobre esse conceito de maternidade e porque essas idéias se enquadraram no nosso estilo de criação.
Não existe nada de sobrenatural no assunto, não há regras a serem seguidas e ninguém é melhor ou pior simplesmente porque escolheu colocar em prática tais fundamentos. Attachment Parenting nada mais é do que seguir seus próprios instintos. Escutar o que o seu coração tem a dizer sobre como criar seus filhos e simplesmente segui-lo. Os pilares utilizados nesse estilo de criação são: a intuição, a gentileza, a dignidade, o cuidado, o amor e o respeito pela criança.
De acordo com estudiosos dessa prática, o vínculo entre mãe e filho é instintivo e natural. A criança desde o dia em que nasce sente necessidade de estar perto dos pais e de ser cuidado por eles. Nos primeiros meses de vida do bebê, essa sede de vínculo afetivo é completamente sanada com a presença da mãe. O pai também tem uma participação, mesmo secundária, muito importante nessa fase ao transmitir segurança e bem estar a mãe, aulixando a mulher nos seus anseios e lhe apoiando nos momentos difíceis.
Recentemente, pesquisadores mapearam os cérebros de crianças criadas com bases na “Criação com Apego” e constataram que existem diferenças cognitivas entre os cérebros dessas crianças em comparação ao cérebro de outras crianças, criadas de maneira menos gentis ou que, por algum motivo, foram afastadas de seu cuidadores (mãe/pai) muito precocemente (escolas, creches, babás ou até mesmo crianças dadas a adoção).
Dos livros que li, a respeito de desenvolvimento infantil, um deles me chamou muito a atenção pois fala justamente sobre isso. A psicóloga Margot Sunderland, em seu livro "The Science for Parenting", relata os malefícios causados pelo estress da separação, no aspecto psicológico e biológico da criança, que até hoje eram desconhecidos. Ela explica também que, quanto mais próximos temos os nossos filhos de nós, criando-os de forma respeitosa e atendendo-os sempre de forma gentil, mais seguros, auto-confiantes, inteligentes, independentes e menos ansiosos eles serão no futuro.
Médico Pediatra, Dr. William Sears foi o precursor da teoria. Hoje ele escreve muito sobre essa antiga forma de criação usada pelos nossos ancestrais e tão esquecida nos dias atuais. Um estilo mais próximo, mais consciente e respeitoso de maternidade que, infelizmente, veio se perdendo ao longo do tempo.
Vou descrever como é o Attachment Parenting na prática e como foi naturalmente adaptado ao nosso estilo de vida.
 
Nascimento: A forma como os pais estão preparados para receber a nova vida é fundamental. O ideal é que os pais tenham acesso ao maior número de informações durante a gestação. Espera-se que a mulher receba um bom pré natal e que se alimente de forma saudável livre de qualquer produto ou vícios nocivos a saúde dela e do bebê. Que essa utilize o mínimo possível de intervenções médicas durante a gestação e o parto e, que espere a decisão do bebê em nascer.
O dia do nascimento e os que sucedem são importantes para a conexão entre mãe e filho. Por isso da importância de se manter o bebê junto a mãe todo o tempo. Uma prática muito comum ainda nos dias de hoje é acreditar que se deva levar o recém-nascido para o berçário do hospital, deixando-o longe da mãe por horas, com o intuito de que a mãe descanse no pós parto. Pesquisas dizem que, ao contrário do que se imaginava, mãe e filho necessitam da presença um do outro pois isso diminue o estress em ambos, além de serem horas cruciais para o êxito na amamentação e no relacionamento entre os dois.
Por uma escolha minha, todo o meu pré-natal foi assistido por uma Midwife (Enfermeira Obstetra). Tive poucas intervenções clinicas durante a gestação. Esse era o meu maior desejo: que todo o processo fosse mantido de forma natural. Meu filho veio ao mundo de parto normal, na hora e no dia escolhidos por ele. Mesmo sendo um parto hospitalar, Raphael, não foi levado ao berçário. Ele permaneceu ao meu lado por todo o tempo em que estivemos internados. Essa era uma das minhas grandes preocupações e que foi atendida com muita gentileza pela equipe do hospital.
 
Amamentação: A amamentação como já se sabe é altamente benéfica para a mãe e para o filho.Contém nutrientes importantes para construção das células cerebrais e anticorpos impossíveis de serem encontrados em fórmulas lácteas, além de promover a prolactina e ocitocina no corpo da mãe que ajudam a "aflorar" a maternidade na mulher. Segundo a teoria, a amamentação é vista como forma de reconhecimento da primeira linguagem do bebê. Mulheres que amamentam estão conectadas de forma diferenciada, conseguindo distinguir melhor entre um choro de fome ou de dor.
A criança deve mamar sempre que solicitar, sem necessidade de intervalos de tempos pré-definidos e deve se sentir confortável para mamar até a idade que estiver preparada para o desmame. É o que a teoria chama de “Conexão e Alimento” fazendo com que a mãe exerça sua intuição, dedicação, cuidado e respeito pelo tempo da criança. (amamentação por livre demanda e prolongada).
A amamentação não foi nada fácil para mim, melhor dizendo, para nós. Tivemos vários problemas: pega incorreta, rachaduras, mastites e a principal delas "a neurose" (pela quantidade correta de leite que o meu filho mamava) Hoje, depois de 27 meses de amamentação continua, só tenho a agradecer a minha grande persistência. Li muitos livros, pesquisei muitos sites, fui a inúmeras aulas de amamentação ministradas por especialistas - até quando já não precisava mais, lá estava eu e o Raphael. Sempre com a intenção de dar força para as novas mamães que estavam passando pela mesma situação que já havíamos passado. Mas, acima da minha persistência, estava a força que obtive do meu marido que foi indispensável nessa jornada.
 
Toque: Bebês são muito sensíveis e necessitam de contato físico, afetivo, segurança e estímulo. De acordo com pesquisas científicas, é através dos estímulos sensoriais que se da a formação de um maior número de Sinapses (conexões que favorecem a comunicação entre os neurônios). Quantos mais sinapses se formarem, melhor serão as capacidades cognitivas e maior será o aprendizado ao longo da vida. Especialistas dizem que os primeiros 6 meses de vida, o vínculo afetivo favorece conexões cerebrais ao bebê que irão valer para a vida inteira. Esses estímulo vem através da amamentação, da massagem, do toque durante o banho e do uso do Sling/Wrap.
Raphael sempre foi muito sensível aos estímulos sensoriais. Quando completou um mês, ele tomou seu primeiro banho de chuveiro com o pai. Foi tão calmo, seguro e harmonioso que  simplesmente dormiu durante o banho! E assim foram vários outros banhos. Quando completou dois meses, nós começamos as massagens terapêuticas (shantala) que foram ininterruptas até ele completar 10 meses.Os brinquedos lúdicos, próprios para a idade e que estimulem os 5 sentidos, fazem parte do mundo dele até hoje. O Wrap, nós usamos até há alguns meses atrás, não comprei carrinho de passeio pois, concordo plenamente com a teoria, lugar de criança é no colo sentindo e participando de tudo.
 
Cama Compartilhada: Como já foi dito, para que haja um desenvolvimento em perfeita harmonia, é indispensável que a criança se sinta segura. A hora do sono é um dos momentos mais difíceis para os pais que não conseguem entender essa "dependência" da criança na hora de dormir. A presença da mãe durante o sono do bebê, além de promover conforto e segurança, também ajuda a manter os batimentos cardíacos, a regular a temperatura corporal e a intensidade emocional da criança. Crianças que dormem na cama dos pais ou no mesmo quarto tendem a ter um sono muito mais tranquilo e reparador.
A cama compartilhada ou cosleeping foi uma prática que funcionou muito bem aqui em casa. Nunca cogitei a idéia de dormir longe do meu filho. Desde a maternidade, eu e o Raphael, já dividíamos a mesma cama. Associo essa prática a noites bem dormidas que tenho desde então. Salvos os dias de gripes/resfriados, nunca tivemos problemas.
 
Fornecer cuidados consistente e amoroso: Bebês e crianças pequenas tem a necessidade intensa pela presença física dos pais. O ideal seria que toda criança pudesse dispor dos cuidados de um dos pais em tempo integral. Algumas literaturas que usam a teoria do apego como base citam a idade entre 3 e 4 anos como ideal para o ingresso a escola. Não sendo uma regra, os pais devem estar atentos as necessidades da criança para saber se está ou não preparada ao novo ambiente educacional, independentemente da idade. E, se isso for inevitável, que um dos cuidadores não se ausente mais do que algumas horas por dia.
Por uma escolha mútua, eu deixei de trabalhar para cuidar e educar o nosso filho em casa até que tenha maturidade e entendimento para ingressar a vida escolar. Essa foi uma das decisões mais difíceis que tomamos. Alguns chamam isso de sorte - poder cuidar do próprio filho em tempo integral - eu chamo de remanejamento familiar/diminuição de contas. Decidimos e ponderamos o que era mais importante para nossa família nesse momento.
 
Disciplina Positiva: A dignidade é fundamental para o ser humano. Quando os pais utilizam de punição como forma de disciplina, isso fere a dignidade da criança. Seja qual for a prática: um tapa, um cantinho do pensamento (time out), gritos/ humilhação verbal ou deixar chorar para "aprender a se acalmar", são formas de disciplinas não aceitáveis pois não utilizam da forma gentil de educar.
Somos seres humanos, passíveis de erros e cheios de problemas no dia-a-dia que nos consomem e, diversas vezes nos tiram a paciência. Lidar com uma criança cheia de energia e com um turbilhão de sentimentos aflorando e, muitas vezes, sem saber como lidar com eles, não é fácil. Manter uma atitude positiva não é impossível. Quando me perguntam como eu faço, eu sempre digo que: Vim me preparando para os dias difíceis. Li o maior número de artigos e livros possíveis sobre como lidar com cada fase, além de, confiar muito nos meus instintos e, particularmente, estamos indo muito bem. Tenho uma tática: a conversa olho no olho, usar a mesma altura que ele e as explicações incansáveis do certo e errado tem nos ajudado muito. Aqui em casa não acreditamos em cantinhos, gritos ou tapas como forma de educação. Outra tática utilizada é a de nunca nos sobrecarregarmos. A ajuda mútua e o compartilhar de idéias, quando o assunto é a educação do pequeno, é a direção para uma disciplina positiva.
 
Balanceie a vida profissional e pessoal: "É muito mais fácil ser emocionalmente sensível quando você se sentir em equilíbrio". A maternidade é uma constante aprendizagem. Saber que pais equilibrados não negligenciam seus filhos é um ótimo começo. Por isso da importância da divisão de responsabilidade e tarefas. Bebês necessitam de cuidados 24 horas do dia e isso requer mais de uma pessoa responsável para que não haja uma sobrecarga.
Hoje aceito melhor a idéia de que somos humanos e de que como tal precisamos de ajuda. Na maioria das vezes não é fácil aceitar essa condição mas, é fundamental para se manter o equilíbrio interno e familiar. E, quando percebi que a melhor maneira de conseguir o sucesso na criação do meu filho era a de não me sobrecarregar, busquei compartilhar com meu marido todas as tarefas, inclusive o amor e a atenção do nosso filho e assim “as coisas” ficaram muito mais leves. Não melhorei 100%, mas garanto que estou fazendo o meu melhor.
 
Os pais que optam pela Criação com Apego também acreditam em uma alimentação natural (NO junks foods) com base em produtos orgânicos na sua maioria, na utilização de produtos inofensivos a saúde e ao meio ambiente, na abdicação aos “Night Outs” (até que a criança possa entender sobre a relação do ir e vir sem que se sinta abandonada pelos pais) e, por fim, a circuncisão (prática muito comum por aqui e que é “abominada” pela teoria uma vez que fere a decisão da criança sobre o seu próprio corpo).