sexta-feira, 21 de junho de 2013

Mães unidas por um Brasil melhor


A decisão de vir para os EUA foi mútua. Nós queríamos estudar e nos aperfeiçoar profissionalmente para depois regressar ao Brasil e colocar em prática nossas experiências adquiridas aqui.

Tomar a decisão de ficar não foi difícil, infelizmente. Eu me lembro perfeitamente do choque cultural que tomamos logo no primeiro dia. A educação no trânsito, a limpeza das ruas, as casas sem grades nas janelas e sem portões, o policiamento contínuo e o transporte público foram os primeiros diferenciais. Sabíamos que o Brasil não era perfeito porém as diferenças eram gritantes e, na verdade, só percebemos isso quando nos deparamos com a nossa nova realidade. A pergunta que paira nessa hora é: De quem é a culpa de tanta falta de infraestrutura e impunidade no Brasil? Por que  o Brasil chegou a tais condições?

Vivo longe do Brasil há exatos 6 anos. Porém, durante todo esse tempo, me mantive informada sobre sua real situação através de jornais e de familiares. Venho acompanhando toda a malandragem política, o contínuo caos na saúde, educação e no transporte, a luta do povo para sobreviver aos aumentos de taxas abusivas e as temidas leis elaboradas e aprovadas por políticos ignorantes que não deveriam estar dirigindo tais cargos.

Infelizmente, o povo ainda não aprendeu que a maior voz é o voto. É no dia da votação que podemos e devemos mostrar nossa indignação. É muito importante saber sobre o passado do candidato, sobre a sua vida politica, suas reais intenções e, principalmente, acompanha-lo durante todo o mandato com o intuito de fiscalizar e cobrar o seu trabalho. Esses são os primeiros passos para uma mudança definitiva do Brasil. O povo brasileiro é famoso por não ter consciência política. Um povo que esquece facilmente as "maracutaias" de seus políticos e que, quase sempre, vende seus votos, seja por uma cesta básica no dia da eleição, seja por uma troca de favores ou uma bolsa família no futuro. O que importa é que todos saem "ganhando" sem pensar no futuro da cidade, estado ou país.

Mas, "o gigante acordou" é o que diz o brasileiro e eu acredito nisso! Acredito nessa mudança, acredito nessa voz que sai de um povo que se conteve diante de tanta corrupção, tanta roubalheira, tanta violência e que agora cansou. Nosso país tem sido "estuprado" a muito séculos. Entram e saem homens do poder, mudam-se as caras mas os caráteres continuam os mesmos. E para o povo sobram as migalhas desde as filas intermináveis em hospitais e postos de saúde, passando pela ausência médica e equipes multidisciplinares em locais de difícil acesso até as famosas "lutas" por vagas em creches e escolas do Estado. Faltam leis que protejam todos os cidadãos e que sejam descentemente elaboradas e aprovadas por um estado laico. Faltam aos nossos governantes a capacidade de não mais subestimarem o nosso povo brasileiro.

"Não seremos mais feitos de palhaço" é a real mensagem da manifestação!
 
Juntos nós podemos muito. Ninguém pode mais do que um povo unido por um só motivo, ninguém pode mais do que um povo consciente de seus direitos e deveres e, definitivamente, ninguém pode mais do que um povo que descobriu que pode gritar e ser ouvido!

Parabéns Brasil! Parabéns meu povo por ter saído as ruas para mostrar tamanha insatisfação.
Aplaudo de pé essa conquista!
 
 

 
 
Mas, se ergues da justiça a clava forte,
Verás que um filho teu não foge à luta,
Nem teme, quem te adora, a própria morte.
 
 
 
 

domingo, 9 de junho de 2013

Disciplina Positiva

Uma coisa que eu aprendi, nesses dois anos e meio como mãe, é que quando o assunto são filhos, "faça o que eu mando, mas não faça o que eu faço" não funciona. O ambiente familiar é a primeira escola dos nossos filhos e os exemplos obtidos em casa serão referência para as atitudes deles hoje e no futuro.

É no cotidiano da própria criança, através de observar as pessoas que estão a sua volta e no modo como as tratam, que ela conduzira seu próprio comportamento. As crianças se espelham nos relacionamentos que seus pais mantem entre si e com o mundo para conduzir suas próprias atitudes. O aprendizado na infância é naturalmente inserido na vida da criança. Se ela vive em um ambiente carinhoso e compreensivo, provavelmente se mostrará da mesma forma ao mundo. Consequentemente, se o universo dessa criança for o inverso disso -violento e agressivo- ela pode não conseguir demonstrar outro tipo de atitude que não seja a violência, pois infelizmente desconhece outro tipo de tratamento.

A violência física sempre foi vista como a melhor forma de correção. Passado de geração a geração como um ciclo perverso, a punição através de palmadas era vista como a única forma de ensinar e educar os filhos. Hoje já não resta mais dúvidas de que esse tipo de correção é arcaico, completamente errado e o único sentimento que provoca na criança que está sendo punida é dor, medo e humilhação. Muitas vezes quem apanha não entende a razão da agressão.


 
"A violência física é toda ação que cause dor física numa criança, desde um simples tapa até o espancamento fatal" (Unicef)

A violência psicológica também é uma forma de agressão. Gritar, xingar, humilhar e depreciar são tratamentos abusivos que afetam essa vida em formação tanto quanto a agressão física. Se realizados com muita frequência, deixam marcas que serão levadas para toda a vida, afetando assim a  autoestima. Crianças que são psicologicamente abusadas dificilmente se sentem amadas, protegidas, acolhidas, valorizadas e aceitas.
 

Hoje, por consequência de toda a informação sobre o mal que a violência física e psicológica provocam, alguns pais que foram submetidos a elas na infância se sentem confortáveis para quebrar esse ciclo vicioso, colocando em prática a Disciplina Positiva. Porém, infelizmente, essa não é a realidade para a grande maioria de nossas crianças e jovens. Estudos comprovam que pais abusadores hoje, foram jovens provenientes de lares abusivos no passado. Esses mesmos estudos comprovam que crianças que são abusadas psicologicamente e fisicamente por seus pais ou cuidadores, se tornarão abusadores ou se submeterão a relacionamentos com parceiros abusivos.

Entenda  como funciona a Disciplina Positiva e como ela pode ser adaptada em um lar, quebrando assim esse ciclo de violência doméstica:
 


1- Dedique momentos diários a criança seja para brincar, estudar ou conversar. Esses momentos de interação são muito importantes para que a criança se sinta segura, acolhida, aceita. Diminui a ansiedade e ajuda a manter e construir o vínculo de amizade e respeito entre a criança e os pais.

2- Mantenha uma rotina positiva. Não de ordens ou ameace "vá lavar as mãos, agora!", "recolha seus brinquedos ou não deixarei mais você brincar!", "Venha jantar agora ou ficará sem comer!". Ao invés disso tente dizer: "acho que suas mãos estão sujas o que acha que deveria fazer antes do jantar?", "temos muitos brinquedos espalhados e já é hora do seu banho, que tal arrumarmos todos eles?". Respeite a capacidade de raciocínio da criança, deixe que ela tome a decisão de arrumar o seus próprios brinquedos ou de lavar as suas próprias mãos. Com o tempo essa rotina é fixada por ela que aprenderá que antes do jantar se lavam as mãos ou que antes de tomar banho recolhem-se os brinquedos.

3- Seja exemplo: obrigado, desculpa, sinto muito, com licença e por favor. Quando palavras de respeito saem da boca dos pais, é impossível não serem absorvidas pela criança. A criança reflete o que vive. Se eu quero ter um filho carinhoso e empático eu devo, primeiro, transmitir isso a ele.

4- Abrace e beije. Muitas vezes, naquele momento estressante de "birra", a única coisa que a criança precisa é de um abraço e de uma palavra de carinho vinda de seus pais.

5- Use palavras positivas. A criança se torna o que os pais dizem dela. Se a criança escuta de seus pais frases do tipo: "você é burro", "você não faz nada direito", "você é estupido", "essa criança é impossível", "essa criança é um terror"...Provavelmente, a criança terá essa visão dela mesma. Uma pessoa burra que não faz nada direito e que é um problema para os pais.

6- Oriente comportamentos desejados. A criança tem um desejo grande de descoberta e ser impedida de realizar tal desejo, por ser muito pequena, pode ser frustrante para ela. Então ao invés de dizer: "Fulano, não mexa no controle da TV". Diga: "tenha cuidado ao mexer no controle pois pode quebrar e você pode vir a se machucar" e, assim, ensine o que é ter cuidado. Simplesmente esteja junto guiando e explicando que algumas tarefas podem ser realizadas mas, sempre com a presença dos pais, enquanto ela não for grande o suficiente para realiza-las sozinho. Mudar o foco para outro tipo de situação também é uma atitude muito positiva e que, normalmente, tem bons resultados. Ao invés de dizer: "não toque nisso". Pegue um outro objeto que possa interessar a criança e diga: "Olha! você pode brincar com essa outra coisa"

7- De importância ao sentimentos. Diga a ela que realmente reconhece e se importa quando a vê chateada, frustrada, nervosa e irritada. Não ignore esses sentimentos pois ninguém gosta de ser ignorado. Não rotule a criança dizendo que ela é birrenta ou chata, além de deixa-la nervosa, não resolverá o problema.

8- Aceite a criança como ela é. Não exija da criança mais do que ela pode oferecer. Expectativas dificultam e distanciam a relação entre pais e filhos.

"Acepta a los hijo de la maneira que aceptas a los àrboles, com gratitud porque son una bendición, pero no tengas expectativas ni deseos. Uno no espera que los àrboles cambien, los ama tal como son" - Isabel Allende.

9- Respeite as limitações. Crianças são limitadas emocionalmente e fisicamente. Não estão aptas a brincarem sozinha sem um direcionamento e não se educam "by herself". Por um tempo é necessário a ajuda dos pais para que a criança aprenda a controlar suas frustrações, saber o que é certo e errado e  com compreensão ser ensinada sobre as consequências dos seus atos. As limitações físicas seguem a criança até a fase pré-adolescente portanto, entenda e aja com naturalidade quando o suco ou o leite for derramado no chão sem querer pela criança. Explique a ela que coisas assim acontecem e que com o passar do tempo essas situações não serão tão frequentes. E, vocês juntos,  poderão limpar e transformar esses momentos em aprendizagem.

10- Seja firme mais amável. É dever dos pais dizer não. Porém, a maneira como ele é dito faz toda a diferença: "Eu te amo e a resposta é não!" ou "Estou dizendo não porque te amo e quero o melhor para você!" soa bem diferente de dizer:  "Eu já disse que Não, me obedeça pois sou sua mãe!"

11- Converse, converse e converse. Utilize a mesma altura da criança e não se canse de conversar nunca pois, eles entendem muito mais do que pensamos. A paciência, o amor e a conversa evitam castigos humilhantes e desnecessários e são o caminho da disciplina positiva.

Manter uma atitude positiva é estar em constante contato com o próprio filho, direcionando, educando, ensinando sem cansar.
 
Beijos e até o próximo post!