Na hora em que nasce uma criança nasce com ela um pai, uma mãe e suas responsabilidades. Responsabilidades essas de cuidar, amar, educar, manter fora de perigo, ensinar as coisas da vida e dentre outras a de ensinar a comer.
Ensinamos nossos filhos a comer desde o dia em que nascem, nas primeiras horas de vida, colocando-os em nosso peito e mostrando então a relação do alimento e do amor contido nele. Quando os bebês completam 6 meses é a hora da introdução das "papas" ou comida sólida. É nessa fase que a mãe procura o maior número de informações sobre alimentos permitidos e receitas variadas para oferecer ao seu bebê todas as vitaminas e nutrientes que precisa. A mulher pesquisa, vai a mercados e feiras, escolhe os frutos mais coloridos e a carne mais fresca com a intenção de proporcionar ao seu pequeno as melhores experiências gastronômicas permitidas para a idade.
Tudo lindo até o dia em que ele se recusa a comer! A mãe se desespera e se pergunta onde foi que ela errou. É nessa hora de pura decepção que, por um passe de mágica ou porque essa mãe resolveu prestar atenção, aparecem aqueles comerciais de papinhas prontas e apetitosas com produtos selecionados "um a um" e lavados "um a um". A pobre mãe se sente praticamente salva pela indústria de comida infantil. (Vou usar esse fator como exemplo, mesmo porque, não quero entrar em uma discussão a respeito da falta de tempo materna - que é um grande facilitador para o uso das comidas prontas - essa não é a minha intenção. Não acredito que isso deva ser usado como desculpa pois, conheço muitas mulheres que trabalham fora, cuidam das suas casas e, ainda sim, cozinham para seus filhos).
Então o bebê, diante daquela comida industrializada e cheia de temperos totalmente desconhecido ao paladar dele até então, deixa a greve de fome e devora um pote inteiro de papinha pronta. Mas, isso não é um problema já que os produtos são selecionados e de ótima qualidade, né? Infelizmente, a mulher que opta por comidas prontas priva o próprio filho de conhecer texturas, gostos e temperos diferentes dos contidos nesses potes. As comidas infantis prontas padronizam temperos e assim distanciam ainda mais o paladar do filho ao tempero da própria família, aproximando a criança ao paladar salgado ou doce dos alimentos industriais.
A vida segue seu rumo, o bebê cresce e, finalmente, tem idade para comer a comida da família. O famoso arroz com feijão, a carne e os legumes em pedaços. Tudo fica mais fácil para essa mãe que já não precisa mais se desdobrar na cozinha entre as papas e a comida do resto da família. Na minha opinião, é nessa hora que tudo parece realmente não fazer mais sentido. O bebê que, antes era extremamente cuidado e que se alimentava de frutas e legumes, é introduzido aos maus hábitos da família e vira, literalmente, uma lata de lixo. E ali os membros da família se revesam quanto a oferta das "melhores" porcarias: Mc Donald's, bolachas recheadas,chocolates, pizzas, refrigerantes, sucos industrializados, brigadeiros, bolos, danoninhos e afins.
Antigamente, as mães se "degladiavam" para saber qual filho começaria a andar primeiro. Hoje elas disputam para saber qual filho comerá o primeiro Big Mac e "enchem a boca" para contar que seus filhos devoram pacotes de bolachas recheadas antes do jantar ou que tomam suas mamadeiras inteiras, com engrossantes, antes de dormir e logo que acordam. Uma realidade deprimente e verdadeira que, muitas vezes, passa desapercebido pelas próprias mães.
O que vejo hoje são crianças sendo introduzidas ao mundo dos "Junk Foods" muito mais cedo do que antigamente.
Sem contar o "status" que esse tipo de produto traz a pessoa que os compra. Parece irônico mas é a pura verdade. No Brasil, quanto mais comida industrializada uma família consome, mais dinheiro ela mostra que tem. Uma realidade bem diferente aqui nos EUA, onde os alimentos processados, tem um valor econômico muito mais baixo que os alimentos naturais. Então, quanto menos dinheiro a familia daqui possui, mais "junk food" ela consome. Essas familias são, na grande maioria, formadas por pessoas que não cursaram uma Universidade, que não possuem empregos fixos e que, muitas vezes, necessitam da ajuda do governo para sobreviver. Nessas casas é quase impossível encontrar um alimento fresco dentro das geladeiras. Em compensação, os armários estão lotados de alimentos processados.
O Brasil está invertendo os papéis e nossas crianças padecem desse mal. Educar o que é certo e errado faz parte do Amor incondicional. A criança que já sabe falar e pedir também deve ser educada a escutar e entender. Esse é o nosso papel como pais/educadores, ensinar o que faz bem ou não a saúde, ou então, criaremos uma legião de crianças obesas, cardiopatas, diabéticas entre outras terríveis doenças.
Sou mãe e entendo perfeitamente a dificuldade de se manter uma criança longe de tais produtos. A oferta é desleal e abusiva. A televisão, com seus comerciais lindos e coloridos, vendem uma vida de magias e delícias mentirosas tornando nossos filhos reféns de um consumismo desinfreado. Por isso a grande importância de um consumo consciente por parte dos pais e de uma boa educação alimentar desde cedo.
Esse é um tema delicado que mexe, muitas vezes, com a estrutura/cultura de uma família.
Mas faço hoje um convite a reflexão: será que estamos no caminho certo? O que posso mudar na alimentação da minha família? Será que preciso da ajuda do meu companheiro para as coisas caminharem melhor ou dou conta sozinha de todo o trabalho? Quero e/ou devo realmente mudar a alimentação da minha família ou assim está conveniente/confortável?
Beijos e até o proximo post.